sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Sem organização, consciência e luta não haverá salário digno!
Por Wilson Santos, 18/01/10.
Mais uma campanha salarial termina e novamente o placar termina 1 x 0 para os patrões. Depois de várias reuniões onde o SNA iniciou a campanha pedindo 10% de reposição salarial, o SNEA, Sindicato patronato, bateu o martelo e mesmo apesar da ameaça de greve por parte do Sindicato Nacional dos Aeroviários, o dissídio para o ano de 2010 ficou definido como 6% de aumento nos salários para os aeroviários da aviação comercial e apenas 4,2% para os trabalhadores do setor de táxi aéreo.
Os patrões venceram mais uma vez. Impuseram a sua vontade e seguirão mais um ano explorando os trabalhadores e trabalhadoras pagando baixos salários, aumentando a carga de trabalho e promovendo todo tipo de ameaças contra o real valor da força de trabalho não pago por meio da espoliação.
Ao mesmo tempo, um terremoto de críticas contra a ação do sindicato dos trabalhadores ecoa pelos saguões dos aeroportos e nas oficinas das empresas de manutenção. Tal falácia reafirma duas coisas importantes: 1 - que os trabalhadores estão atentos a quase tudo ao seu respeito; 2 - infelizmente ainda demonstram uma péssima característica herdada da época da ditadura militar: o medo de se organizar e avançar contra o capital.
O Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, estima que o real valor do salário mínimo deveria ser R$ 2.065,47 (O Aeroviário, # 2 nov/dez) conforme estabelecido na Constituição Federal do Brasil (no parágrafo IV do artigo 7º descreve que o salário mínimo deve ser "fixado em lei, nacionalmente unificado" e "capaz de atender" as necessidades "vitais básicas" do trabalhador ou trabalhadora e "de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo"). Então do que reclamam os patrões se os fora-da-lei são eles?
Segundo Karl Marx, em “O Capital – Crítica à Economia Política”, o salário pago aos trabalhadores pelo patrão é como o valor pago a uma mercadoria qualquer. A diferença essencial é que somente o trabalho humano é capaz de criar valores, ou seja, produzir riqueza. E é justamente essa a característica fundamental da necessidade dos patrões pagarem tão pouco os trabalhadores, a quantidade de riqueza produzida por estes trabalhadores supera o valor da sua força de trabalho e esse valor, que Marx chama de mais-valia, fica no bolso dos donos das empresas. Em resumo, quanto menor o salário pago (apenas o suficiente para que o trabalhador siga sobrevivendo) e maior a produtividade, mais riqueza os patrões acumulam.
Analisando profundamente essa realidade, percebe-se o quanto o salário dos trabalhadores é baixo, ao contrário da riqueza dos patrões que teve o patrimônio médio do setor saltando de 541 mil reais em 2000 para 4 milhões em 2007. “Houve um crescimento de 630%” (http://www.sna.org.br/noticia.php?id_not=110). A frustração toma conta de todos os aeroviários e aeroviárias, já que as dificuldades do sistema capitalista continuarão impedindo-os de alcançar uma vida mais digna, enquanto os lucros dos donos das empresas vão aumentando cada vez mais.
No entanto, a partir da organização dos trabalhadores em associações e sindicatos essa situação pode inverter. Conhecendo mais de perto o sistema capitalista, estudando com um olhar mais crítico e dialético chega-se a conclusão de que esse sistema é um sistema que distancia o trabalhador de uma vida socioeconômico estável, o tornado quase máquina. Basta se perguntar qual a última vez que você pôde fazer uma viagem de lazer com a família (ou mesmo ir ao cinema), ter o direito a uma casa digna, a um transporte decente, a um sistema de educação e saúde gratuito e de qualidade. Ao contrário, tudo é pago e o que trabalhador recebe pela venda de sua força de trabalho ao fim do mês mal dá para pagar as contas de água luz e alimentação.
Direitos não são concedidos, são conquistados! E é por meio da organização, consciência de classe e muita luta é que realmente será possível conquistar um salário e melhores condições de trabalho para viver decentemente. O medo criado nos escritórios dos patrões e espalhados por trabalhadores sem caráter faz tomar forma material levando muitos trabalhadores a silenciarem diante uma situação injusta de distribuição de renda. Os trabalhadores e trabalhadoras do mundo são maioria. “Uni-vos”.
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